quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

ESTE ANO NÃO VAI SER IGUAL ÀQUELE


ESTE ANO NÃO VAI SER IGUAL ÀQUELE
Wanda Sily
Depois da explosão dos fogos de artifício e das flores para Iemanjá, das uvas e da lentilha, chega a ansiosamente esperada hora das resoluções de fim de ano, que já ganharam a triste fama de nunca serem cumpridas.  Mas algo de bom pode ainda  renascer do cheiro de pólvora das bombinhas que brindaram esse auspicioso 2013 – o ano em que o mundo resolveu não acabar!

   Fazer resoluções no Ano Novo para mudar nossos maus hábitos não foi criação do Facebook, como muitos pensam. Na antiga Babilônia, os babilônios prometiam aos deuses  que devolveriam os objetos que pegaram emprestados e pagariam suas dívidas. Claro, também com eles começou a mania de não cumprir o prometido. Já os romanos faziam promessas menos absurdas ao deus Janus, que deu nome ao primeiro mês do ano.


  O costume tem resistido ao correr dos séculos e foi adotado por várias religiões, não como uma brincadeira de fim de ano, mas para nos tornarmos melhores seres humanos. Fatores externos podem influenciar nossas intenções: no final da Grande Depressão americana, um quarto dos adultos fizeram resoluções de fim de ano. Com a entrada do novo século, na chegada do  2000, 40% das pessoas admitiram ter feito.

  Cumpri-las, porém, é outra história, o que talvez tenha inspirado Samuel Beckett a escrever, “Sempre tentou. Sempre falhou. Não importa. Tente outra vez. Falhe outra vez. Falhe melhor”. Assim tem sido nossa cruzada, tentar sempre, mesmo sabendo que pode não dar certo. Antigamente a resolução mais adotada era ajudar os pobres; hoje as mais populares são perder peso, mudar os maus hábitos alimentares, aderir à preservação do meio ambiente.

 
Mesmo assim,  estamos cada vez mais gordos e o meio ambiente, coitado, do jeito que as coisas andam,  não passará do dia 21 de dezembro de 3012. Epa, apago o que escrevi; minha resolução para os anos vindouros é ter muito cuidado com o que escrevo! Pode ser que daqui a alguns séculos outras civilizações substituam a nossa e encontrem esses rabiscos  – tudo mais se perdeu - e concluam que é uma previsão catastrófica – o mundo vai acabar nessa data!

  Estudos e pesquisas revelam que 80% das resoluções de fim de ano não chegam ao final de janeiro.  Desses 20%  de heróicos persistentes,  54% não chegam ao mês de junho, e o restante, os  últimos resilientes da boa vontade humana,  também não duram muito. Não há registros de nenhuma resolução de ano novo que chegue a 31 de dezembro!  Já viu alguém dizer, ao levantar a taça de champanhe e degustar mais uma uvinha, “Vou continuar com as minhas resoluções do ano passado”?

   Para você não desanimar porque não vai mudar nada em sua vida apenas com boas resoluções,  fecho a coluna com a mensagem de um cartão postal escrita no começo do século passado  -  “Resolva renovar todas as suas velhas resoluções / E adicione algumas novas intenções/ Resolva mantê-las enquanto aguentar / O que mais um pobre homem pode desejar?”

Bom retorno!
Pig Vieira
GREB PPC/2012